22 de maio de 2018

Balanço Final - Premier League 17/ 18

  Barclays Premier League - Difícil de esquecer. Após vários meses de competição, a Premier League 2017/ 18 chegou ao fim e coroou uma equipa que coleccionou recordes e elogios pelo seu bom futebol. No campeonato mais competitivo e difícil do Velho Continente, o Manchester City passeou.    
    Convertendo neutros, maravilhando os seus adeptos e obrigando os rivais a reconhecerem a total supremacia e justiça das suas conquistas, os citizens assimilaram por fim o ADN Guardiola e mostraram ter potencial para construir um domínio em Inglaterra (é preciso recuar até 2008/ 09 para encontrar uma equipa, o Manchester United de Sir Alex Ferguson à data, a sagrar-se bicampeã na Premier League), almejando saltar para outro patamar a nível europeu.

    Mas falar desta época é falar da confirmação do anunciado adeus de um daqueles poucos treinadores que ainda se confunde com um clube: Arsène Wenger, após 22 anos ao serviço do Arsenal, deixa os gunners. E o rival Chelsea, que esta época defendia o título, talvez não demore a despedir-se de Conte: o treinador italiano complicou e "estragou" aquilo que podia ser simples, passando do 1.º para o 5.º lugar. À Champions, a ópera dos ricos, vão em 18-19 Manchester City, Manchester United, Tottenham e Liverpool.

    West Brom, Stoke e Swansea rumam ao Championship, por troca com Wolves (incríveis Rúben Neves, Diogo Jota e Nuno Espírito Santo), Cardiff e um entre Fulham e Aston Villa (a decisão faz-se em Wembley a 26 de Maio).
    Na edição em que o Burnley surpreendeu tudo e todos, ficam na retina sobretudo os recitais de bom futebol do Manchester City, com Kevin De Bruyne no comando das operações, e os contra-ataques mortíferos do Liverpool, terminados num festejo de Salah de braços abertos a encarar a multidão.
    Acompanhem-nos então numa análise à época das 20 equipas da Premier League, sistematizando ideias-chave, o que correu bem, o que correu mal, quem brilhou e quem desiludiu:



Resultado de imagem para manchester city 2018 trophee MANCHESTER CITY (1)

    Cem pontos. No antevisão da prova, previmos o City como campeão e assim foi. Depois de uma 1.ª época em que Guardiola ficou a conhecer a Liga e o país, e os jogadores começaram a assimilar as ideias do treinador, o espanhol tirou notas, identificou os reforços certos e não deu hipóteses a ninguém.
    Num campeonato em que o Manchester azul celeste foi o melhor ataque (106 golos marcados) e a melhor defesa (27 golos sofridos), os inéditos 100 pontos conquistados são apenas um de muitos recordes que esta máquina de bom futebol amealhou. A saber: mais pontos de sempre (100), mais vitórias (32), mais vitórias consecutivas (18), mais vitórias fora (16), mais golos de sempre (106), maior diferença de golos de sempre (+79) e maior diferença pontual de sempre para o 2.º classificado (19 pontos).
    Todos estes recordes teriam tremendo significado, mas mais têm ao tratar-se da Premier League - liga em que cada ponto é suado, multiplicando-se as surpresas que deixam de o ser, podendo qualquer equipa pontuar em qualquer campo. Coube ao Liverpool - equipa que também empurrou o City para fora da Liga dos Campeões - em Anfield (4-3) e ao Manchester United (2-3), num jogo em que a equipa de Mourinho se fez grande e adiou o título, impedirem esta brutal equipa de repetir a façanha do Arsenal (os invencíveis de Wenger em 2003/ 04).
    Com Ederson a confirmar-se o guarda-redes perfeito para o estilo de jogo da equipa, Guardiola viu Otamendi tornar-se patrão (variando o parceiro entre Stones, Kompany e Laporte), Kyle Walker aprender que o futebol não são só correrias desenfreadas, tendo depois que, perante a lesão do reforço Mendy, descobrir em Delph um lateral-esquerdo.
     Com o capitão David Silva, cada vez mais um híbrido entre Xavi e Iniesta, a ser o prolongamento ou representação do técnico em campo, esta época viu Sterling explodir (já duvidávamos que o inglês pudesse atingir esta regularidade e estes números) e Sané mostrar que tem tudo para se tornar um caso muito sério no futebol europeu, com Fernandinho a proteger os criativos e, na frente, Agüero e Gabriel Jesus a dividirem as despesas de golos. No entanto, falar deste City (futebol matemático na ocupação dos espaços e oferta de soluções, dinâmica reacção à perda da bola e boa leitura e antecipação com jogadores com elevado QI futebolístico, posse e circulação com significado, talento, criatividade, risco e irreverência no último terço) é falar de um jogador diferente e especial, o belga Kevin De Bruyne. Senhor de jogos grandes (conseguiu a proeza de ser eleito melhor em campo na 1.ª volta contra Manchester United, Liverpool, Tottenham, Arsenal e Chelsea) e de uma consistência incrível, o jogador mais impressionante desta Premier League catapultou-se para um patamar de classe mundial, controlando jogos quase sozinho com a sua visão, qualidade de passe, energia e inteligência.
    Próximos desafios: garantir o bicampeonato, algo que ninguém consegue em Inglaterra desde 2009, e atingir uma final da Liga dos Campeões.

Destaques: De Bruyne, David Silva, Leroy Sané, Raheem Sterling, Fernandinho


 MANCHESTER UNITED (2)

    Mourinho, o que é que te aconteceu? É inequívoco que o Manchester United evoluiu (afinal, passou de 6.º para 2.º classificado), mas quem vai às compras e consegue craques de luxo e de impacto imediato como Paul Pogba, Romelu Lukaku e Alexis Sánchez, tem no mínimo que... jogar bem.
    Embora em segundo, Old Trafford continua longe do título. Noutros tempos, cinco anos consecutivos sem vencer a Premier seria algo chocante. Será o português o treinador certo para o clube? Não precisará Mourinho, estagnado, conservador, amedrontado e traumatizado com as vezes em que não ganhou, de se reinventar e reencontrar a fome, garra e coragem que marcaram os primeiros 10 anos da sua carreira?
    Matic foi uma soberba contratação, Lingard evoluiu sobremaneira, e em relação ao guarda-redes espanhol David De Gea (melhor do mundo?), principal figura da equipa, basta-nos dizer que mascarou lacunas defensivas da equipa, fazendo toda a diferença com inúmeras defesas do outro mundo: sem De Gea, talvez o United não terminasse no Top-4.
     Chega de desperdiçar ou não potenciar devidamente jogadores - nos últimos anos o clube não aproveitou craques como Depay, Di María (responsabilidade de van Gaal) e Mkhitaryan, oxalá Alexis Sánchez não vá pelo mesmo caminho, e mesmo Pogba, Rashford ou Lukaku podiam e deviam já estar noutro patamar.
    Mas porque nem tudo são críticas, deve-se enaltecer a capacidade que o Manchester United revelou na segunda volta deste campeonato diante dos restantes grandes. A equipa, que antes jogava para não perder, exibiu-se mais de acordo com a sua História e venceu o Chelsea por 2-1, o Liverpool por 2-1, o Manchester City por 3-2 e o Arsenal por 2-1. E se é verdade que perdeu com o Tottenham por 2-0, também é verdade que derrotou os spurs nas meias-finais da FA Cup (2-1). Faltou só ganhar depois o derradeiro jogo em Wembley.

Destaques: David De Gea, Nemanja Matic, Jesse Lingard, Antonio Valencia, Romelu Lukaku


 TOTTENHAM (3)

    Um passo atrás, quiçá para dar dois à frente. O Tottenham, com a casa em obras, viu-se obrigado a dizer "até já" a White Hart Lane, passando a actuar em Wembley. Terceiro lugar, a 4 pontos do segundo, não é um mau resultado; mas o factor Wembley, parece-nos, impediu a equipa de reproduzir a dinâmica, frescura e o dominante futebol dos últimos anos.
    Pochettino viu o matador Harry Kane melhorar os seus números (30 golos na Premier League; fechou o ano civil de 2017 com 56 golos, ficando acima de Messi, Lewandowski, Ronaldo e Cavani) e Eriksen realizar jogos ao nível dos maiores craques. Vertonghen esteve melhor que nunca, Son Heung-Min esteve um bocadinho melhor do que no ano passado, Dele Alli um bocadinho pior, cabendo depois a Ben Davies e ao reforço Davinson Sánchez atirarem Danny Rose e Alderweireld (ambos lesionados, o belga mais tempo) para o banco, podendo inclusive rumar a outras paragens no defeso que se aproxima.
    Com o quarto melhor ataque e a terceira melhor defesa, os spurs mostraram melhor futebol que o Manchester United, mas por outro lado é um pouco estranho ver o Tottenham a terminar a temporada acima do Liverpool. Para 2018/ 19, dois pontos fundamentais: seria óptimo deixar Wembley e poder abraçar o novo White Hart Lane com capacidade para 61.000 adeptos; e será importante Pochettino preservar craques como Kane, Eriksen e Alli, conseguindo os reforços certos, enquadrados com o modelo de jogo personalizado dos londrinos e que permitam à equipa aproximar-se dos rivais.

Destaques: Harry Kane, Christian Eriksen, Jan Vertonghen, Son Heung-Min, Ben Davies


Resultado de imagem para salah 2018 LIVERPOOL (4)

    Por 42 milhões (uma pechincha se considerarmos os valores dos negócios de Neymar, Coutinho ou Dembélé), o Liverpool contratou um dos principais candidatos à próxima Bola de Ouro. Mo Salah, entre ziguezagues com os defesas a caírem aos seus pés em sucessão, fixou um novo máximo de golos na Premier League jogada a 38 jogos - 32 golos. Nem Suárez nem Cristiano Ronaldo marcaram tanto.

    Discutindo com o Real Madrid o estatuto de equipa que melhor contra-ataca no mundo (será curioso e apaixonante acompanhar a final de Kiev), o Liverpool impressionou o mundo do futebol com Salah, Firmino e Mané, em excesso de velocidade e bem ao estilo Jürgen Klopp. O 2.º melhor ataque desta Premier League (84 golos) tem visto chegarem bons reforços também para o sector recuado (casos de van Dijk e Robertson) e é, quanto a nós, a equipa que nesta fase melhor se posiciona em termos de projecto desportivo para poder, tanto quanto possível dada a vantagem dos citizens, ombrear com os campeões nos próximos anos.
    No ano em que Coutinho rumou a Barcelona, Oxlade-Chamberlain encontrou-se de vez como médio interior e Alexander-Arnold foi uma agradável revelação.  

Destaques: Mohamed Salah, Roberto Firmino, Virgil van Dijk, Andrew Robertson, Sadio Mané


 CHELSEA (5)

    Era difícil Antonio Conte cometer mais disparates. Depois de uma época de estreia fantástica, que terminou com a conquista da Premier League, o treinador italiano decidiu desatar a dar tiros nos pés. Enviou um SMS a Diego Costa a dizer-lhe que já não contava com ele e, não satisfeito, aceitou vender Matic (quem, no seu perfeito juízo, é que desfaz uma dupla Kanté-Matic?) e logo a um rival. No primeiro ano em muitos em que John Terry não esteve presente no balneário, Conte perdeu o Norte e foi destruindo as hipóteses do Chelsea fazer uma boa época ao longo do tempo: não vincou a aposta em Morata, cujo início em Stamford Bridge deixou boas indicações, deixou a alternativa Batshuayi rumar a Dortmund (bom para o jogador, que mostrara bom rendimento quando chamado por Conte, e que não demorou a virar herói na Alemanha), e tornou David Luiz, um dos destaques na temporada passada, um dos melhores amigos do banco de suplentes.
    No meio de tantas asneiras, salvou-se o irrepreensível Azpilicueta, e alguns momentos do craque Hazard (ficará o belga no clube, não marcando o Chelsea presença na Champions?).
    Ao contrário do Top-4, em que todos os treinadores devem continuar, Abramovich pode promover uma troca de treinadores nos próximos tempos.

Destaques: César Azpilicueta, Eden Hazard, Marcos Alonso, Willian

Resultado de imagem para wenger bye 2018 ARSENAL (6)

    Estranha sensação esta de ficarmos com saudades de alguém que já deveria ter deixado de ser treinador do clube há uma ou duas épocas...
    Arsène Wenger é um senhor no futebol inglês. Custou ver Sir Alex Ferguson a deixar de ser o treinador do Manchester United, e custa igualmente ver Wenger a despedir-se daquela que foi a sua casa durante 22 anos. O adeus do francês dá à época de 2017/ 18 um toque especial, mas a temporada em si de especial não teve nada.
    A anos-luz da concorrência - o Arsenal fecha o campeonato a 7 pontos do Chelsea, mas também a 7 pontos do Burnley -, os gunners tiveram poucos destaques ao longo da época, e encontraram no Atlético Madrid uma parede que tornou impossível o acesso à Champions por via da Liga Europa. Özil voltou a irritar-nos (tanta magia, técnica, visão e genialidade num jogador tão pouco focado e ambicioso), Cech custou pontos em vez de os dar, interessando pela positiva referir o impacto dos reforços de Inverno, Mkhitaryan e Aubameyang. Dois craques, amigos em Dortmund que se reencontram agora, e que poderão ser peças-chave para o próximo treinador do clube. Mal podemos esperar para ver uma época inteira de Auba (10 golos em 13 jogos).  

Destaques: Nacho Monreal, Pierre-Emerick Aubameyang, Aaron Ramsey, Shkodran Mustafi

 BURNLEY (7)

    Na antevisão que fizemos desta edição, apontámos o Burnley à desida. Escrevemos nós "sem reforços, não há milagres". Desculpa-nos, Sean Dyche, há milagres.
    O Burnley surpreendeu Inglaterra e virou equipa-sensação ao conseguir um impensável 7.º lugar com um plantel que fazia prever uma classificação uns 10 lugares abaixo. Mais: Dyche viu o seu guarda-redes e capitão de equipa, Tom Heaton, lesionar-se à quarta jornada, perdeu um dos seus jogadores mais criativos (Robbie Brady) também por lesão à jornada 15, e antes disto tudo não fora ao mercado para encontrar o sucessor de Michael Keane, vendido ao Everton. As soluções estavam já no clube - Nick Pope e James Tarkowski. E que épocas fizeram ambos!
    Com um treinador capaz de espremer tudo de cada jogador, o Burnley construiu uma equipa segura e competitiva, com uma defesa extraordinariamente sólida. Pope, Mee, Tarkowski, Lowton e Ward foram todos destaques atrás, e Chris Wood marcou uns simpáticos 10 golo. Temos alguma curiosidade para ver que plantel Dyche terá em 18-19 e como será o comportamento do clube na sua primeira experiência internacional de sempre na Liga Europa.

Destaques: James Tarkowski, Nick Pope, Ben Mee, Matt Lowton, Jack Cork

 EVERTON (8)

    Só as terríveis épocas de Chelsea e Arsenal desviam os olhares da desapontante temporada do clube de Goodison Park. Num defeso inteligente e activo, os toffees tinham vendido Lukaku, canalizando o dinheiro da venda do goleador belga para vários reforços acertados - Sigurdsson, Rooney, Pickford, Keane, Klaassen e Sandro.
    Mas nada correu bem. O conto de fadas do regressado Rooney durou meia época (nas primeiras 18 jornadas tinha 10 golos, mas depois disso não marcou mais), Sigurdsson nunca se afirmou como a figura de proa que pensávamos que iria ser; Klaassen actuou apenas 248 minutos e Sandro 276. À parte de jogadores que não renderam o esperado e outros que não tiveram oportunidades suficientes, ao clube que ainda acrescentou Tosun e Walcott ao elenco no mercado de Inverno pareceu sempre faltar velocidade e capacidade de desequilíbrio: Bolasie só voltou no final da época, adquirir um craque como Zaha teria dado um jeitaço, e mesmo um talento com as características que estavam em falta como Lookman foi atirado para a Alemanha (onde marcou 5 golos em 11 jogos pelo Leipzig).
    Passar de Koeman para Allardyce foi descer um degrau, isto numa época em que o Everton queria intrometer-se no Top-6 mas, bem vistas as coisas, acabou a apenas 9 pontos do 15.º classificado.
    Próxima época: Marco Silva?

Destaques: Jordan Pickford, Michael Keane, Gylfi Sigurdsson, Idrissa Gueye


 LEICESTER CITY (9)

    O poema de Shakespeare não foi eterno e à jornada 10 já era o ex-Southampton, Claude Puel, a orientar os foxes. No geral, a época do Leicester City correspondeu ao esperado, fazendo alguma impressão como é que a equipa termina a Premier abaixo do Everton quando pareceu sempre superior e apresentou melhores ideias.
    Mahrez voltou a estar em grande (12 golos, 10 assistências), mesmo com uma "birra" por ter sido vetada a sua transferência para o Manchester City a meio da época; Jamie Vardy, que marca aos grandes ingleses como ninguém, chegou aos 20 golos; Maguire teve o impacto que esperávamos, Iheanacho nem por isso.
     Os campeões de 2015/ 16, clube no qual para o ano Adrien Silva terá a companhia de Ricardo Pereira, subiram três lugares na tabela em relação ao ano anterior. Para a proxima fica uma dúvida, com um peso gigante: continuarão, desta vez, Mahrez e Vardy?

Destaques: Riyad Mahrez, Jamie Vardy, Harry Maguire, Wilfred Ndidi, Kasper Schmeichel

 NEWCASTLE (10)

    Depois de vencer o Championship em 2016/ 17, o Newcastle de Rafa Benítez não deslumbrou no futebol praticado mas jamais esteve na discussão pela manutenção. Consistente e consciente das suas forças e fraquezas, o clube do Norte de Inglaterra marcou poucos golos (39 golos em 38 jogos), mas sofreu menos que por exemplo Arsenal, Everton e Leicester.
    Lascelles, Ayoze (o final de época deixou indicações que 2018/ 19 pode ser um ano importante para o espanhol de 24 anos), Ritchie e Shelvey foram os principais destaques numa equipa em que Slimani não agarrou nova oportunidade em Inglaterra, e em que a baliza esteve entregue a três diferentes guardiões (Elliot, Darlow e Dubravka) ao longo da temporada.
    Se a direcção e os adeptos querem ver os magpies a repetirem ou melhorarem a classificação, convém que Benítez tenha uns 3 ou 4 reforços de qualidade.

Destaques: Jamaal Lascelles, Ayoze, Matt Ritchie, Jonjo Shelvey

 CRYSTAL PALACE (11)

    A Premier League começou a 12 de Agosto e no dia 10 de Setembro o primeiro treinador do Crystal Palace esta época fazia o seu último jogo no comando da equipa. Frank de Boer durou 4 jogos. Um recorde difícil de bater, com 100% de derrotas na prova.
     A solução encontrada pelo clube? O ex-seleccionador inglês, Roy Hodgson, com 70 anos e passagens pelo Inter, Liverpool, Finlândia, Fulham, WBA, Udinese, Copenhaga, Blackburn ou Emirados Árabes Unidos. Admitimos que a contratação do veterano nos deixou bastante reticentes, mas a recta final do Palace dissipou quaisquer dúvidas quanto à determinação dos jogadores em garantir a manutenção. À jornada 30 o clube morava nos lugares de descida, com 27 pontos, mas 5 vitórias nos últimos 8 jogos atiraram a equipa do 18.º para o 11.º lugar, rematando a Premier com 44 pontos (igual registo pontual do Newcastle).
    Nestes oito jogos (vitórias diante de Huddersfield, Brighton, Leicester, Stoke e WBA, empates diante de Bournemouth e Watford, e derrota pela margem mínima com o Liverpool) sobressaiu uma vez mais Wilfried Zaha, que aos 25 anos já merece outros palcos. 

Destaques: Wilfried Zaha, Luka Milivojevic, Loftus-Cheek, van Aaanholt


 BOURNEMOUTH (12)

    O Bournemouth, equipa orientada por um dos melhores treinadores ingleses da actualidade, Eddie Howe (40 anos), é sinónimo de regularidade. Quando em 2015/ 16 os cherries ascenderam pela 1.ª vez à Premier League, terminaram o campeonato em 16.º e com 42 pontos; o ano passado, 9.º lugar com 46 pontos; e este ano 12.º com 44 pontos.
     Com vários rostos que integram a equipa desde os escalões mais baixos, nesta ascensão meteórica (em 2012 o Bournemouth estava no terceiro escalão e já tinha nos seus quadros Cook, Francis, Arter, Daniels ou Pugh), nenhum jogador esteve esta época num nível digno de destaque, mas o colectivo voltou a cumprir. Joshua King, um dos most improved players de 2016/ 17 passou, por exemplo, de uns fantásticos 16 golos marcados para uns mais comuns 8 golos.
    Equipa fiável embora com recursos limitados, continua a precisar de uns bons reforços caso queira dar um salto em termos qualitativos. No entanto, o mais importante para o clube será mesmo garantir a continuidade de Eddie Howe.

Destaques: Callum Wilson, Junior Stanislas, Nathan Aké, Andrew Surman

 WEST HAM (13)

    A época começou com Bilic, terminou com Moyes. Começou com José Mourinho a afirmar que o West Ham se estava a reforçar para atacar o título, terminou com os hammers em 13.º lugar a seis pontos do 17.º classificado.
    Uma das duas piores defesas do campeonato (68 golos sofridos, tal como o Stoke), o West Ham tinha obrigação de fazer muito mais. É indiscutível a maior qualidade do seu plantel quando comparado com equipas como Bournemouth, Newcastle, Crystal Palace ou Burnley.
    Na próxima época já está confirmado o chileno e experiente Manuel Pellegrini como novo treinador, e desta destaca-se quase só a fera irreverente Marko Arnautovic. O austríaco, adaptado por Moyes a falso 9 e várias vezes bem acompanhado por Lanzini, foi a figura nesta equipa-desilusão em que o nosso João Mário fez meia época.

Destaques: Marko Arnautovic, Manuel Lanzini, Aaron Cresswell

 WATFORD (14)

    Houve Premier League enquanto houve Marco Silva. Tal como já fizera no Hull City, o treinador português não demorou a dotar a equipa de uma confiança e intensidade notáveis, notando-se uma significativa melhoria no futebol praticado pelos hornets. Foi particularmente sintomático do impacto de Marco Silva a capacidade que a equipa revelou ainda em lutar até ao fim: nas primeiras jornadas, contra Arsenal, West Brom, Swansea e Liverpool, o Watford garantiu alterações no resultado a seu favor - alcançando vitórias ou empates - sempre para lá dos 90 minutos.
    Quando MS abandonou o clube, o Watford estava em 10.º lugar e a apenas seis pontos do sétimo. Supostamente, terá sido o Everton a desestabilizar a cabeça do português, conjugando-se essa pressão com um período entre a jornada 14 e a 24 em que a equipa perdeu 8 jogos em 11. Javi Gracia foi o substituto encontrado (ganhou 4 jogos em 15), mas os jogadores nunca mais voltaram a revelar a mesma chama: Doucouré (extraordinária evolução como jogador) baixou o nível, num decréscimo que foi mais evidente do que em qualquer outro atleta em Richarlison.

Destaques: Abdoulaye Doucouré, Richarlison, Tom Cleverley, Roberto Pereyra

 BRIGHTON (15)

    Não é frequente, mas em 2017/ 18 as três equipas que tinham acabado de chegar à Premier League, garantiram todas a manutenção. Newcastle, Brighton e Huddersfield foram exemplos de estabilidade, mantendo os seus técnicos toda a época e encarando cada jogo com total profissionalismo e consciência da sua importância.
    O trabalho de Chris Hughton no Brighton quase passa despercebido, mas o maior elogio é que o Brighton nunca esteve envolvido na luta dos aflitos. Num plantel curto mas bem potenciado, destacaram-se os golos de Glenn Murray, a dupla Dunk-Duffy no centro da defesa, com Knockaert (melhor jogador do Championship na época passada) a desiludir e Solly March a merecer mais minutos. No entanto, os maiores elogios devem ir para dois reforços: o australiano Matt Ryan (só Butland e Fabianski fizeram mais defesas do que ele) defendeu duas grandes penalidades ao longo da temporada e deu pontos; e Pascal Groß, que foi um dos achados da época. Contratado por 3 milhões de euros, o médio alemão retribuiu a confiança depositada com 7 golos e 8 assistências. Só surpreendeu os mais desatentos uma vez que Groß fora em 2016/ 17 o jogador com mais oportunidades de golo criadas na Bundesliga.

Destaques: Pascal Groß, Mathew Ryan, Glenn Murray, Shane Duffy

 HUDDERSFIELD (16)

    O amigo de Klopp, David Wagner, conseguiu o seu objectivo. Com aquele que era muito provavelmente o plantel mais frágil desta Premier League, o Huddersfield escapou àquele que parecia ser o seu destino (descer) e fê-lo de forma invulgar. A equipa não teve, como habitualmente acontece nestas equipas pequenas, um jogador-abono de família - Mounié marcou 7 golos, Depoitre marcou 6 e nenhum completou sequer 2.000 minutos, Mooy começou bem a época mas terminou-a com uns modestos 4 golos e 3 assistências.
    No meio de tudo isto, numa época que começou com duas vitórias nas duas primeiras jornadas, valeu a defesa do Huddersfield - Lössl foi um dos 8 melhores guarda-redes da prova, e tanto Schindler como Zanka estiveram intransponíveis em vários jogos.

Destaques: Christopher Schindler, Jonas Lössl, Aaron Mooy, Zanka

 SOUTHAMPTON (17)

    Pochettino, Koeman, Puel, Pellegrino, Hughes. O Southampton, equipa com a qual simpatizamos e que tem sido nos últimos anos a principal base de recrutamento do Liverpool, parece um pouco perdido. Depois de oitavo, sétimo, sexto e oitavo nas 4 épocas anteriores, os saints escaparam por um fio à descida (3 pontos acima do Swansea).
    Pessoalmente, Mark Hughes não nos parece o técnico adequado para o clube; e, depois de uma época em que o dinheiro de van Dijk não foi aplicado, convém que a equipa sulista invista para voltar ao patamar a que nos habituou. Com Lemina, Bertrand e Ward-Prowse a serem os jogadores mais constantes desta vez, faz alguma confusão ver elementos como Boufal ou Austin a ficarem tão aquém do que podem dar. Veremos como reage o clube a este susto, e que conclusões retira deste falhanço.

Destaques: Mario Lemina, Ryan Bertrand, James Ward-Prowse, Dusan Tadic

 SWANSEA (18)

    Num adeus que não surpreende - longe vão os Swanseas de Michu e Wilfried Bony, e desta vez já não houve Sigurdsson para jogar por toda a equipa -, o Swansea piorou a sua classificação de 2016/ 17 (15.º lugar) e despede-se mesmo da Premier League. De resto, os cisnes poderão ter dificuldades em regressar ao primeiro escalão uma vez que apresentam actualmente um elenco inferior a várias equipas do competitivo Championship.
     No País de Gales, país de que Renato Sanches (acredita em ti, rapaz!) não guardará boas memórias, a época começou com Paul Clement mas à jornada 21 já era Carlos Carvalhal quem orientava os swans. O português, marcante no humor, nas metáforas e nos pastéis de nata, teve um impacto significativo nas primeiras 9 jornadas - venceu Liverpool e Arsenal, tendo antes derrotado o compatriota Marco Silva na estreia -, mas o final foi mau demais. Se como acima dissemos o Crystal Palace mostrou na recta final a sua garra e vontade de sobreviver, o Swansea rendeu-se e somou 5 derrotas nas últimas cinco jornadas. Não fosse o polaco Fabianski, uma das figuras desta edição nas balizas (2.º com mais defesas, e ninguém defendeu tantos penalties como ele - 3), e a descida até teria sido oficializada mais cedo. Com 28 golos marcados, o Swansea foi o pior ataque da prova a par do Huddersfield.

Destaques: Lukasz Fabianski, Alfie Mawson, Jordan Ayew

 STOKE (19)

    Honestamente, não nos custa muito ver Stoke e WBA a descer. É verdade que cai o ditado But can he do it on a cold rainy night in Stoke? mas, se por um lado Stoke e West Brom representam ambos a velha tradição inglesa, com um futebol mais directo e muito físico, por outro lado esta descida dita a total vitória do paradigma multicultural no futebol inglês, em que acima de tudo vinga o bom futebol e os treinadores e jogadores que inovam, crescem e melhor se adaptam.
    Despedir Mark Hughes, que estava no clube desde 2013, revelou-se um erro: Hughes deixou o clube em 18.º lugar à jornada 22, mas nessa fase a distância para o 11.º lugar era de apenas 4 pontos; o clube precipitou-se, e o sucessor Paul Lambert conseguiu apenas duas vitórias em 15 jogos. Venceu o primeiro jogo, e o último.
     Boas notícias para os clubes da Premier League, que têm em Butland, Joe Allen ou Shaqiri jogadores bastante interessantes para adquirir.

Destaques: Jack Butland, Xherdan Shaqiri, Joe Allen, Mame Biram Diouf

 WEST BROMWICH (20)

    No início da época escrevemos: "Tony Pulis não vai ao fundo. É uma das mais velhas máximas da Premier League". Pois bem, o WBA despediu Pulis, e afundou-se.
    Falar desta época do último classificado West Brom é falar de três períodos distintos, de acordo com os três técnicos que o clube teve ao longo da época: Tony Pulis, Alan Pardew e Darren Moore.
    Pulis durou até à jornada 12 e, curiosidade das curiosidades, quando foi despachado o clube nem estava ainda na zona de descida. Depois veio Pardew, e tudo destruiu. O ex-treinador de Newcastle e Crystal Palace conseguiu a proeza de ganhar apenas 1 jogo em 18 jornadas. Pouco havia para salvar. Mas o adjunto promovido a interino, o jamaicano Darren Moore, ainda ousou sonhar: nas seis jornadas finais, venceu 3 jogos e perdeu apenas 1, mas não chegou. Adeus, West Brom.
     
Destaques: Ben Foster, Jake Livermore, Craig Dawson



por Miguel Pontares e Tiago Moreira

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