25 de fevereiro de 2015

100 Melhores Personagens de Filmes - Nº 65



Filme: The Devil Wears Prada
Actriz: Meryl Streep

por Lorena Wildering (Escritora Convidada)


    Caros leitores do Barba Por Fazer, chegou o momento do top em que finalmente se refere um dos grandes nomes do cinema contemporâneo, alvo de admiração por todos nós. Quem não sente o mesmo pode fechar a janela, porque tal como disse Cam de “Modern Family”, Meryl Streep could play Batman and still be the right choice. Já lá chegamos.
    No meio de muitas mulheres com roupa escolhida a dedo na noite anterior, lingerie combinada incluída, coordenada com rímel, batom e muitos acessórios, conhecemos Andy Sachs, interpretada por Anne Hathaway, com o seu blazer de bombazine e hálito a cebola.
    Uma recém-graduada, Andy chega a Nova Iorque com o sonho de ser jornalista e acaba por conseguir uma entrevista na revista de moda Runway, mas para a vaga de assistente, um emprego que milhões de raparigas não olhariam a meios para conseguir. Confundida ao início como um erro dos Recursos Humanos por parte da arrogante Emily, ouve o nome do “Diabo” pela primeira vez sem fazer a mínima ideia de quem seja: Miranda.
    De braço dado com Prada, casaco de pêlo e cabelo branco imaculado, ei-la: Miranda Priestly. Editor-in-chief da Runway. É a opinião dela que influencia tudo o que se passa no mundo da moda e basta franzir os lábios para um designer ser humilhado e ter de redesenhar a sua inteira colecção. Ao fim de uma breve análise ao seu sentido de estilo, Andy é dispensada. Aproveita a sua ingenuidade por este mundo e ousa defender-se, a pensar que pode começar a procurar outro emprego. Acaba por ser contratada sem sair do edifício.
    Aparentemente só tem de atender chamadas (can you please spell Gabbana?) e ser moça de recados enquanto é tratada como a segunda “Emily”, mas apercebe-se de que sem uma boa memória não consegue acompanhar os 10 pedidos que Miranda faz nos segundos que demora a despir o casaco e atirá-lo para cima da secretária de Andy. Ignora os seus caprichos, exigências e olhares de cima a baixo que recebe várias vezes por dia. Andy mantém os pés bem assentes na terra - bastante literalmente, com os seus mocassins - para provar que não são uns Louboutin que a tornam numa boa profissional.
    Contudo, todos aqueles olhares começam a incomodar quando comete o erro de se rir enquanto Miranda tenta escolher entre dois cintos com cores, a seu ver, iguais. Quando não consegue cumprir a exigência do “Diabo” para conseguir um transporte de Miami a Nova Iorque por causa de um furacão, o cinismo e desprezo pelo mundo da moda que antes a fazia sentir orgulhosa acaba por fazê-la sentir-se insegura ao ponto de a fazer passar para o dark side. Surge uma nova Andy com botas Chanel da nova colecção. Não passa despercebida e torna-se numa das raparigas de quem antes fazia troça.
    Andy vai evoluindo, começa a ser tratada pelo próprio nome e torna-se numa “Emily” melhor do que a própria Emily, chegando a conseguir o manuscrito do último Harry Potter antes mesmo de ser publicado. Ao mesmo tempo que o seu o alter ego evolui, começa a entrar em conflito com os seus amigos e namorado, e começa a conhecer o lado pessoal de Miranda que nunca é revelado, como o seu divórcio. Acaba por ser convidada pela própria para ir à mais importante semana de moda do ano, em Paris, traindo Emily que tanto jejuou para caber nos vestidos que teria recebido.
    Depois de Miranda trair Nigel, o seu braço direito, num plot que queria ver o seu cargo ocupado por outra pessoa, Andy sente repulsa quando Miranda se compara a ela, acusando-a de ter feito a mesma coisa a Emily quando aceitou ir até Paris. Acaba por virar costas em plena Place de la Concorde, atirando o incessante telemóvel à água. De volta a Nova Iorque, Andy encontra Miranda e acena. O “Diabo” sorri pela primeira e única vez no filme, mas já escondida dentro do seu carro.

    A genialidade de Meryl Streep está presente ao longo de todo o filme. Conhecemos uma Dragon Lady que gosta de ter o que quer, quando quer, se possível apenas com um olhar. Atrás de portas bem fechadas deixa cair o véu, e com olhos bem inchados Meryl dá-nos um relance de um “Diabo” que, afinal, tem sentimentos. Na cena seguinte, aí vem a Iron Lady (perceberam?) de novo.

    De pensar que a mesma pessoa que interpretou este papel também nos deliciou a cantar ABBA e nos impressionou como Margaret Thatcher. Meryl é uma actriz a ser celebrada, honrada e recordada por quem gosta e até por quem não gosta. Um filme com Meryl Streep é meio caminho andado para ser um sucesso, ou pelo menos um filme que vale a pena ver. Há poucos que conseguem este ping pong de facetas num estalar de dedos. Meryl é a profissional desta arte, a camaleoa-mor. 
    Fá-lo tão bem, como só ela o consegue. Vénia.

That’s all.

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Nota Editorial: A compilação/ organização e ordem das personagens deste Top é responsabilidade de Miguel Pontares e Tiago Moreira. Os textos tiveram a colaboração de Daniel Machado, Lorena Wildering, Nuno Cunha, Sara Antunes Santos e Carolina Moreira.
Foram tidos em consideração filmes lançados até 20 de Novembro de 2014. Mais informamos que poderão existir spoilers relativos às personagens e/ ou aos filmes que elas integram, passíveis de constar na defesa e caracterização de cada uma das 100 personagens.

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