1 de março de 2014

Óscares Barba Por Fazer 2014

    Senhoras e senhores, meninos e meninas, e tu José Castelo Branco que não te inseres em nenhuma das categorias anteriores, eis a 3.ª edição dos Óscares Barba Por Fazer. Para este ano de 2014 achámos que estava na altura de criarmos um post individual para as nossas opiniões relativamente à maior cerimónia da Sétima Arte. Uma cerimónia nossa. Todas as opiniões e vencedores que surgirão abaixo são aqueles que nós achamos, depois de ter visto tudo e mais alguma coisa, que mereciam ser nomeados ou mesmo arrecadar a estatueta dourada em cada categoria. Em muitos dos casos os nossos vencedores não são aqueles que esperamos que a Academia vá escolher e em vários casos nomeámos também filmes, realizadores, actores ou actrizes que não figuraram na shortlist final da Academia.
    Publicaremos depois as nossas previsões para os óscares reais. Por outras palavras, os Óscares Barba Por Fazer podem ser entendidos como os justiceiros do mundo do Cinema, nos quais o Leonardo DiCaprio consegue vencer - como na realidade mereceria.
    Nos nossos Óscares BPF há menos categorias. Há apenas aquelas que entendemos como essenciais. Nos próximos anos iremos manter este sistema no qual nomeamos tantos filmes como o nº determinado pela Academia, e nos quais referiremos sempre o vencedor, os restantes nomeados e, em algumas categorias, menções honrosas para quem ficou "à porta" da nomeação e merecia ainda assim uma palavra de apreço. Embora estejamos a cometer um homicídio premeditado sobre algumas categorias, achámos também que devíamos criar algumas novas, que ficarão no final deste artigo. Em 3, 2, 1... vamos lá então começar!

MELHOR FILME

    Sim, The Wolf of Wall Street é o nosso filme do ano. Scorsese e DiCaprio criaram um dos mais épicos filmes do século XXI e merecem todo o crédito por isso. Este Lobo tem tudo. Desde grandes papéis dos seus actores, grande realização a um argumento magnificamente transposto para o ecrã (memoráveis os discursos de Jordan Belfort!). O runner up pode ser considerado 'Her'. Spike Jonze criou um filme pertinente, inteligente e emocional, com o melhor papel da carreira de Joaquin Phoenix. Nos restantes 7 nomeados, optámos por integrar Fruitvale Station, The Hobbit: Desolation of Smaug (não vamos em cantigas de "é bom, mas adia e nomeia-se só o último"), Rush, Prisoners e Lone Survivor. American Hustle desiludiu-nos mas ainda assim merece estar entre os melhores filmes do ano. Se houvesse mais lugares provavelmente Blue Jasmine, Before Midnight ou Nebraska marcariam presença.

MELHOR ACTOR

    O raciocínio é, neste caso, o mesmo. Joaquin Phoenix teve de facto o melhor desempenho da sua carreira, mas este Jordan Belfort é o melhor papel da carreira de DiCaprio. E DiCaprio já teve vários papéis com muita qualidade! Matthew McConaughey esteve bem, mas vejam-no na série 'True Detective' onde o seu Rust Cohle é esse sim uma personagem extraordinária. O jovem Michael B. Jordan e Hugh Jackman (intenso em 'Prisoners' e desta vez a merecer a nomeação, ao contrário de Les Misérables) fecham o nosso lote de nomeados. As menções honrosas ficam para Bruce Dern e James McAvoy, com o seu papel em 'Filth'.

MELHOR ACTRIZ

    Cate Blanchett. O ano é dela. Em alguns filmes não soa 100% natural mas depois de ter estado bem em 'I'm Not There' e 'The Aviator', com Woody Allen conseguiu chegar ao topo. Em 'Blue Jasmine' Cate enche o ecrã em todas as cenas que entra, convence e transpira estatueta dourada em cada take. Para não a deixarmos sozinha chamámos Sandra Bullock e Judi Dench, tal como a Academia, mas optámos por preterir Meryl Streep e Amy Adams (a "nova Meryl Streep") pelo talento emergente de Adèle Exarchopoulos (se esquecermos as inquietantes cenas sexuais em 'Blue is the Warmest Colour' o seu papel é de uma actriz com A grande) e por Julie Delpy, no seu 3.º filme da sua história ao lado Ethan Hawke.

MELHOR ACTOR SECUNDÁRIO

    Jared Leto? Não. Jonah Hill? Podia ser, mas não é. Michael Fassbender é, para nós, o actor secundário do ano. O actor "fetiche" de Steve McQueen foi para nós o principal destaque de '12 Years a Slave', num dos melhores desempenhos individuais do ano. Jonah Hill mostrou de vez que é um actor com um potencial gigantesco e esteve muito superior ao seu papel em 'Moneyball'. Jared Leto foi incrivelmente (e assustadoramente?) convincente, Bradley Cooper manteve a sua qualidade com O. Russell a orientá-lo e Brühl tinha que estar presente. Deixámos o Abdi ir apanhar ar ao barco, e as menções honrosas neste caso ficam entregues a Keith Stanfield (actor de 'Short Term 12' com um futuro promissor) e Will Forte, o filho de Bruce Dern em Nebraska, que dificilmente voltará a ser interno no Saturday Night Live.

MELHOR ACTRIZ SECUNDÁRIA

    Hesitámos entre Jennifer Lawrence e Lupita Nyong'o (a dúvida que a Academia também terá tido) mas optámos pela Jennifer. No ano passado demos-lhe o óscar de melhor actriz e este ano a naturalidade com que ela desempenha as suas personagens continua a fazer a diferença. A estreante e mexicana (sim, ela é mexicana) Lupita vai ter um futuro certamente brilhante depois desta estreia em longas-metragens. Provavelmente com alguma polémica, escolhemos também Scarlett Johansson pela sua voz (Samantha) em 'Her'. Scarlett não deu corpo ao seu papel, mas as emoções que fez passar - também por mérito do papel de Phoenix - não nos deixaram outra alternativa senão nomeá-la. Amy Adams, também em 'Her', e Julia Roberts, no seu regresso aos seus bons papéis, fecham o quinteto. June Squibb e Léa Seydoux merecem também o seu devido destaque, embora não as tenhamos nomeado.

MELHOR REALIZADOR

    Queríamos poder dar a vitória a Spike Jonze (Her), mas o "dedo" e "olho" de Scorsese em 'The Wolf of Wall Street' é arte pura. Veremos o que faz nos próximos anos com 'Sinatra' e 'Silence', este último com Liam Neeson, Andrew Garfield, Adam Driver e Ken Watanabe no elenco. Spike Jonze é claramente um nome a nível de realização para nos mantermos atentos e Steve McQueen a mesma coisa. McQueen conseguiu uma obra-prima que teria outra potência se a escravatura não tivesse sido tão explorada nos últimos anos em filmes inferiores. McQueen fez um filme ao nível de Spielberg, apenas ainda não tem o nome do experiente realizador. Peter Jackson e Cuarón foram as nossas restantes escolhas, deixando Woody Allen e David O. Russell (esperávamos mais dele) "à porta".

MELHOR ARGUMENTO ORIGINAL

    Nesta categoria, sucedendo aos nossos 2 últimos vencedores 'Django Unchained' e 'Midnight in Paris', escolhemos por larga margem... 'Her'. Oxalá a escolha da Academia volte a coincidir com a nossa por uma 3.ª vez consecutiva. O argumento de Spike Jonze é futurista, humano, sensível, emotivo e acima de tudo, fazendo jus à categoria, original. Nas nossas restantes escolhas 'Prisoners' e 'The Place Beyond the Pines' foram outsiders que achámos que mereciam destaque e justas nomeações, deixando outros 4 filmes ('Filth', 'Fruitvale Station', 'Rush' e 'Saving Mr. Banks') apenas com menções honrosas. No caso de 'Fruitvale Station' e 'Rush', embora sejam baseados em factos verídicos, considerámo-los argumentos originais uma vez que não se basearam em nenhum material anteriormente publicado.

MELHOR ARGUMENTO ADAPTADO

    A categoria de 'Melhor Argumento Adaptado' reuniu um menor número de filmes, sendo que 'The Wolf of Wall Street' voltou a merecer a nossa estatueta. Apenas nos diferenciamos da Academia na troca de 'Philomena' por 'Lone Survivor'.

Agora sim, fechamos então a nossa cerimónia com 3 categorias - uma delas existente também na realidade (e a qual não podíamos esquecer pela nossa íntima ligação à Música) - e outras que achámos por bem criar.

Personalidade do Ano: Matthew McConaughey
Rookie do Ano: Adèle Exarchopoulos. Outros nomeados: Lupita Nyong'o, Will Poulter, Tye Sheridan e Keith Stanfield
Melhor Banda Sonora: Her. Outros nomeados: Lone Survivor, 12 Years a Slave.

    Escolhemos McConaughey porque, embora não tenha sido para nós o Melhor Actor do ano, este ano terá sido um virar de página (embora já anunciado nos seus últimos filmes) na sua carreira. Esteve em 'Mud', brilhou em 'Dallas Buyers Club' e ainda teve uma curta presença, mas inesquecível, em 'The Wolf of Wall Street'. Se a tudo isto juntarmos o seu impressionante papel na série 'True Detective' e o facto de integrar o elenco do próximo filme de Christopher Nolan ('Interstellar'), estamos na presença da nossa Personalidade do Ano do cinema de 2014.
    Nos rookies, iremos nomear sistematicamente nos próximos anos 5 talentos emergentes. Jovens ou não, desde que sintamos que a estrela dentro deles - seja em que género for - nasceu. Demos a vitória a Adèle, mas esta "fornada" poderá dar que falar nos próximos anos.
    Por fim, os Arcade Fire conseguiram uma banda sonora excelente em 'Her'. Um trabalho incrível que bateu o trabalho de outra banda que também gostamos - os Explosions in the Sky - que trataram de tornar 'Lone Survivor' um filme melhor. Por fim, e abaixo destes 2, 12 Years a Slave. Sim, é Hans Zimmer e deixamo-nos sempre envolver pelo seu trabalho em todos os filmes em que trabalha, mas neste ano não é o nosso eleito.

    Fiquem à vontade para dar as vossas opiniões. Estas são as nossas.
    Amanhã publicaremos as nossas previsões relativamente a quem achamos que deverá arrecadar as estatuetas douradas em cada categoria. Tentem ficar acordados para a cerimónia, munidos de mantas e pipocas, e podem contar com os óscares Barba Por Fazer nos próximos largos anos!

Atenciosamente,
Miguel Pontares e Tiago Moreira

0 comentários:

Enviar um comentário